Era uma vez, em uma floresta densa e misteriosa, uma bruxa chamada Morgana. Ao contrário das histórias sombrias que se contavam sobre bruxas maldosas, Morgana era conhecida por sua bondade e sabedoria. Ela vivia sozinha em uma cabana cercada por ervas e flores mágicas, e possuía um espelho mágico, presente de um antigo feiticeiro. Esse espelho tinha um poder especial: mostrava a maior qualidade da pessoa que se olhasse nele.
Com o tempo, a fama do espelho mágico de Morgana se espalhou pelas vilas e cidades próximas. As pessoas, curiosas e ansiosas para descobrir o que de melhor havia dentro delas, começaram a visitar a bruxa. Uma fila longa se formava todos os dias em frente à sua cabana, com pessoas de todas as idades, profissões e origens.
Quando alguém se olhava no espelho, via refletida sua melhor qualidade. Um jovem tímido, que sempre achou que não tinha nada de especial, viu nele sua coragem interior, escondida, mas pulsante, pronta para emergir. Uma mulher que se sentia insegura com sua aparência viu refletida sua bondade, irradiando como uma luz que tocava todos à sua volta. Um ferreiro rústico, com mãos calejadas, viu sua habilidade e perfeccionismo, percebendo que suas obras eram admiradas não apenas pela força, mas pela precisão.
Cada pessoa saía da cabana de Morgana com um sorriso, sentindo-se mais confiante e grata por quem era. As filas aumentavam a cada dia, pois aqueles que olhavam no espelho voltavam para suas vilas e contavam histórias sobre como se sentiam mais completos e felizes após verem sua melhor versão refletida.
Morgana observava tudo com tranquilidade, satisfeita em poder proporcionar aquele momento de autorreconhecimento e alegria para as pessoas. Sabia que, muitas vezes, as pessoas tinham dificuldade em enxergar o que de melhor havia nelas mesmas, e o espelho as ajudava a descobrir e valorizar suas qualidades mais profundas.
No entanto, certo dia, um rico mercador chegou à cabana de Morgana, atraído pela fama do espelho. Ele era conhecido por seu egoísmo e ganância, sempre acumulando mais riquezas e ignorando os necessitados. Com o nariz empinado, entrou na cabana, ansioso para descobrir qual grande qualidade o espelho revelaria. Quando se olhou, porém, tudo o que viu foi um reflexo vazio. Não havia brilho, nem imagem clara, apenas um vazio profundo.
Confuso e irritado, o mercador se voltou para Morgana, exigindo explicações. “Por que o espelho não me mostrou nada? Eu sou um homem de grande sucesso e poder!”
Morgana, com seu olhar calmo e penetrante, respondeu: “O espelho não pode mostrar o que não existe. Suas riquezas não são qualidades verdadeiras, e o espelho reflete apenas o que é genuíno. Talvez seja hora de você cultivar o que há de melhor dentro de si.”
O mercador, furioso, saiu da cabana, mas as palavras de Morgana ecoaram em sua mente. Ele passou dias pensando sobre o que ela havia dito. Com o tempo, começou a mudar suas atitudes, ajudando os necessitados e sendo mais gentil com os outros. Anos depois, ele voltou à cabana de Morgana, e, dessa vez, ao se olhar no espelho, viu refletida sua generosidade, uma qualidade que ele havia cultivado com esforço.
Assim, o espelho de Morgana continuou a transformar a vida das pessoas, revelando-lhes suas maiores virtudes. E a bruxa, embora nunca pedisse nada em troca, sentia a maior das recompensas ao ver as pessoas saírem de sua cabana, não apenas com um sorriso no rosto, mas com o coração mais leve e confiante.
E, assim, a fila diante de sua cabana nunca cessou, pois sempre havia alguém em busca de enxergar o que de melhor guardava em si mesmo.