Histórias para Dormir

Histórias com narração calma para crianças na hora de dormir. Histórias Infantis.

O menino que só dizia Sim

Era uma vez um menino chamado Lucas, que tinha uma característica muito especial: ele nunca dizia “não”. Em casa, isso parecia ser uma grande qualidade. Quando seus pais pediam para ele arrumar o quarto, fazer a lição de casa ou ajudar nas tarefas domésticas, ele sempre dizia “sim”, sem reclamar.

— Lucas, você pode lavar a louça hoje? — perguntava sua mãe.

— Claro, mãe! — respondia ele, prontamente.

— Filho, pode ajudar seu pai a consertar a cerca? — pedia seu pai.

— Com certeza! — respondia Lucas, sempre sorrindo.

Em casa, tudo parecia perfeito. Seus pais estavam felizes, e Lucas nunca se metia em problemas. Mas na escola, a situação era bem diferente. Seus amigos perceberam rapidamente que Lucas não conseguia dizer “não”, e começaram a se aproveitar dessa característica. No início, os pedidos eram inofensivos, até engraçados.

— Lucas, você pode vir para a escola amanhã vestido de frango? — sugeriu Pedro, com um sorriso travesso.

Lucas hesitou por um segundo, mas como sempre, respondeu:

— Sim, posso!

E no dia seguinte, lá estava Lucas, vestido de frango, correndo pelo pátio da escola enquanto os outros alunos riam sem parar. Lucas se sentia um pouco desconfortável, mas não conseguia se recusar.

Outro dia, durante uma aula de matemática, um dos amigos de Lucas, Carlos, virou-se para ele com um brilho no olhar.

— Ei, Lucas, você pode ir até a professora e convidá-la para dançar no meio da aula?

Lucas sabia que era uma ideia maluca, mas, mais uma vez, ele não conseguiu dizer “não”.

— Hum… sim, posso — respondeu ele, mesmo com as mãos suando de nervosismo.

Assim, no meio da explicação de frações, Lucas se levantou, caminhou até a professora e, diante da sala inteira, estendeu a mão, como se estivesse a convidando para uma valsa. A classe explodiu em risadas, e a professora, surpresa, apenas o mandou voltar ao lugar, sem entender o que estava acontecendo.

Apesar das risadas e da diversão dos amigos, Lucas começou a perceber que os pedidos estavam ficando cada vez mais malucos. No início, ele pensava que era só uma brincadeira, mas com o tempo, as situações começaram a ficar perigosas.

Um dia, durante o recreio, um grupo de colegas o chamou para um canto do pátio.

— Lucas, você pode subir naquela árvore alta e pegar o ninho de passarinho que está lá em cima? — perguntou um dos meninos, apontando para uma árvore enorme no fundo do pátio.

Lucas olhou para a árvore e sentiu um frio na barriga. Ela era muito alta, e ele sabia que poderia se machucar. Mas, como de costume, as palavras que saíram da sua boca foram:

— Sim, eu posso.

Ele começou a subir na árvore, e conforme subia mais alto, o medo aumentava. Suas mãos tremiam, e a árvore balançava levemente. Lá embaixo, seus amigos riam, achando que era apenas mais uma de suas loucuras. Mas Lucas sabia que aquela situação não era mais uma brincadeira.

Quando chegou a uma altura considerável, seus pés escorregaram em um galho, e ele quase caiu. Assustado, ele decidiu que aquilo tinha ido longe demais. Com o coração acelerado, Lucas desceu devagar da árvore e, ao tocar o chão, fez algo que nunca tinha feito antes.

— Eu não vou mais fazer isso — disse ele, com firmeza, olhando para os amigos. — Não vou mais fazer essas coisas perigosas só porque vocês pedem.

Seus amigos ficaram em silêncio, surpresos. Eles nunca tinham ouvido Lucas dizer “não”. Mas dessa vez, ele sabia que era necessário.

— Desculpa, Lucas, a gente não achou que você ia se machucar — disse Pedro, meio envergonhado.

Lucas percebeu que seus amigos não tinham más intenções, apenas se empolgaram com a ideia de que ele nunca dizia “não”. Mas naquele momento, Lucas entendeu que dizer “não” era importante, principalmente quando se tratava da sua própria segurança e bem-estar.

A partir daquele dia, Lucas começou a praticar a arte de dizer “não” quando necessário. Ainda era um menino prestativo e simpático, sempre disposto a ajudar, mas agora sabia que, às vezes, a melhor resposta era cuidar de si mesmo e não fazer tudo o que os outros pediam.

E assim, Lucas aprendeu que dizer “não” não fazia dele uma pessoa má, mas alguém que sabia proteger a si mesmo e reconhecer os limites.

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