Histórias para Dormir

Histórias com narração calma para crianças na hora de dormir. Histórias Infantis.

O Filho Gorila Ingrato

Era uma vez, em uma grande floresta tropical, uma família de gorilas que vivia em harmonia. O líder do grupo era um velho e sábio gorila chamado Bantu, respeitado por todos os animais da selva. Bantu tinha dois filhos: o mais velho, Maji, que sempre ajudava o pai a cuidar do grupo e seguia as tradições da família, e o mais novo, Kito, que era aventureiro e sonhava em conhecer o mundo além da floresta.

Kito, inquieto e impaciente, estava cansado da vida simples na floresta. Ele sempre olhava para os limites do território dos gorilas e imaginava como seria viver longe, sem regras e sem precisar seguir as tradições. Um dia, Kito decidiu que não queria mais ficar ali.

— Pai — disse Kito, ao se aproximar de Bantu. — Eu sei que nossa família tem suas regras e que um dia eu herdaria minha parte do território, mas eu não quero esperar. Quero minha parte agora para poder sair e viver do meu jeito.

Bantu olhou para o filho com tristeza, mas também com amor. Ele sabia que Kito era jovem e precisava aprender por si mesmo. Relutante, ele dividiu o território e os recursos da família, dando a Kito a parte que seria sua herança.

— Se essa é sua escolha, Kito, eu não vou te impedir — disse Bantu, com um olhar sério. — Mas lembre-se: a selva pode ser cruel, e longe da família, você pode se perder. Sempre haverá um lugar para você aqui, caso precise.

Kito, cheio de entusiasmo, mal ouviu as palavras do pai. Ele rapidamente pegou sua parte da herança e partiu para explorar o mundo além da floresta. Nos primeiros dias, tudo parecia uma grande aventura. Kito conheceu novos animais, desfrutou de comida farta e viveu como sempre quis, sem regras ou responsabilidades.

No entanto, com o tempo, as coisas começaram a mudar. Kito foi gastando seus recursos sem cuidado e logo percebeu que a vida fora da floresta não era tão fácil quanto ele imaginava. Ele começou a se afastar dos animais que conhecera, pois ninguém o ajudava quando sua comida acabou. Aos poucos, Kito foi ficando cada vez mais fraco e sozinho.

Um dia, enquanto vagava pela selva, com fome e sem esperança, Kito se deparou com um grupo de babuínos. Eles estavam comendo frutas e raízes, mas não ofereciam nada a Kito. Desesperado, ele se aproximou e começou a comer o que os babuínos deixavam para trás.

— O que eu fiz? — pensou Kito, olhando para si mesmo, agora sujo e faminto. — Na minha casa, eu tinha tudo: comida, família, proteção. E aqui estou, competindo por restos.

Foi então que Kito se lembrou das palavras de seu pai e percebeu que havia cometido um grande erro. Sentindo-se envergonhado, ele decidiu que não podia continuar daquele jeito. Precisava voltar para casa, mesmo que tivesse que pedir perdão ao pai e aceitar qualquer consequência.

— Vou voltar e dizer ao meu pai que errei. Mesmo que ele não me aceite mais como filho, talvez me permita viver como o mais simples dos gorilas do grupo — pensou Kito, com o coração pesado.

Com dificuldade, Kito iniciou sua jornada de volta para a floresta onde crescera. Ele temia o reencontro com o pai e com o irmão, imaginando que seria rejeitado por causa de suas escolhas. Quando finalmente se aproximou do território da família, estava abatido, sujo e fraco. Mas, para sua surpresa, algo incrível aconteceu.

Antes mesmo de Kito chegar ao centro do território, seu pai, Bantu, o avistou de longe. Em vez de ficar bravo ou distante, Bantu correu em direção ao filho. Lágrimas de alívio e felicidade escorriam pelos olhos do velho gorila. Ele abraçou Kito com força, sem dizer uma palavra de reprovação.

— Pai, eu errei… — disse Kito, com a voz embargada. — Não sou digno de ser chamado de seu filho. Desperdicei tudo o que me deu.

Mas Bantu balançou a cabeça.

— Kito, meu filho, você estava perdido, mas agora foi encontrado. Estava longe, mas voltou para casa. Isso é o que importa. Não preciso de mais nada além de você aqui conosco.

Bantu chamou o grupo inteiro para comemorar o retorno de Kito. Ele pediu que trouxessem as frutas mais doces e organizassem uma grande celebração para dar as boas-vindas ao filho que voltou.

Maji, o irmão mais velho de Kito, observava tudo de longe, sentindo-se incomodado. Ele foi até o pai e disse:

— Pai, eu sempre estive ao seu lado, trabalhando e cuidando da família. Nunca saí, nunca pedi nada. E agora, esse meu irmão volta depois de desperdiçar tudo, e você faz uma festa para ele?

Bantu olhou para Maji com compreensão e respondeu:

— Filho, você sempre esteve comigo, e tudo o que é meu é seu. Mas hoje é um dia especial. Seu irmão estava perdido, mas voltou. Estava longe, mas encontrou o caminho de casa. Devemos nos alegrar, porque a família está completa novamente.

Maji, embora ainda ressentido, entendeu o que seu pai queria dizer. Ele se juntou à celebração, percebendo que o amor e o perdão eram mais importantes do que qualquer erro do passado.

E assim, a família de gorilas ficou unida novamente, mostrando que o perdão e a aceitação são os maiores tesouros que se pode ter. Kito aprendeu a valorizar sua família, e Bantu mostrou que o amor de um pai é incondicional, mesmo diante dos erros.

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