Histórias para Dormir

Histórias com narração calma para crianças na hora de dormir. Histórias Infantis.

A menina que falava com os golfinhos

Em uma pequena cidade costeira chamada Vila Azul, vivia Clara, uma menina de 10 anos que passava todas as suas tardes na praia. Desde muito pequena, ela se sentia conectada ao mar e, especialmente, aos golfinhos que apareciam perto da costa. Ela jurava que podia se comunicar com eles de uma maneira especial, algo que ninguém mais entendia.

— Mamãe, eu posso falar com os golfinhos! — dizia Clara com entusiasmo, enquanto sua mãe sorria gentilmente.

— Claro, querida. Você tem uma imaginação incrível! — respondia a mãe, sem acreditar realmente.

Clara tentava contar suas aventuras para outras crianças na escola, mas todos riam dela, dizendo que era impossível falar com animais. Mesmo assim, ela não se importava. Continuava visitando a praia todos os dias, conversando com os golfinhos que vinham até a superfície.

Um deles, que Clara chamava de “Azul”, parecia ser o líder do grupo. Ele era maior e mais ágil do que os outros, sempre brincando perto dela. Clara entendia o que ele transmitia, não com palavras, mas através de sons, gestos e uma profunda sensação de conexão que vinha do coração.

Certa tarde, algo diferente aconteceu. Azul apareceu perto da margem, mas estava inquieto. Emitia sons urgentes, quase como um pedido de socorro. Clara correu até a água, sentindo que algo estava errado.

— O que foi, Azul? — perguntou, inclinando-se sobre as rochas.

O golfinho respondeu com uma série de assobios rápidos e agitados, apontando com seu corpo para o horizonte. Clara entendeu: um dos golfinhos estava em perigo, preso em uma rede de pesca!

Ela sabia que precisava agir, mas como convenceria os adultos de que entendia os golfinhos? Correu até os pescadores locais, tentando explicar:

— Um dos golfinhos está preso numa rede! Eu sei disso porque Azul me contou! Por favor, me ajudem!

Os homens apenas riram, balançando a cabeça.

— Clara, golfinhos não falam com pessoas. Deve ser só sua imaginação. Vá para casa, menina — disse um dos pescadores, descrente.

Desesperada, Clara decidiu que precisava provar que estava dizendo a verdade. Pegou sua bicicleta e pedalou até a estação de resgate marinho, onde trabalhava o Sr. Mendes, um biólogo marinho que sempre foi gentil com ela.

— Sr. Mendes! Azul me contou que um dos golfinhos está preso numa rede! Eu sei que parece estranho, mas você precisa acreditar em mim! — implorou Clara, com lágrimas nos olhos.

O Sr. Mendes hesitou, mas havia algo no olhar de Clara que o fez repensar. Ele conhecia a paixão da menina pelos golfinhos e, mesmo achando improvável, decidiu dar uma chance.

— Está bem, Clara. Vamos verificar.

O barco de resgate partiu com Clara e o Sr. Mendes a bordo. Clara guiou-os exatamente até o local que Azul indicara. E, para o espanto de todos, lá estava o golfinho preso em uma rede de pesca ilegal. O animal estava fraco e se debatia, sem conseguir se soltar.

— Você estava certa! — exclamou o Sr. Mendes, enquanto os biólogos rapidamente cortavam a rede e libertavam o golfinho.

Clara observava com um sorriso de alívio, enquanto Azul nadava em círculos ao redor do barco, como se agradecesse pela ajuda. A notícia logo se espalhou pela cidade, e todos começaram a olhar Clara com outros olhos. Ela não era mais a menina de “imaginação fértil”, mas alguém verdadeiramente especial, capaz de se conectar com os golfinhos de uma maneira mágica.

A partir daquele dia, Clara continuou suas visitas diárias à praia, mas agora com a companhia de mais adultos que acreditavam em sua capacidade única. E, sempre que um golfinho se aproximava da costa, ela sabia que, de alguma forma, eles estariam em contato, trocando segredos do mar que só eles podiam entender.

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